Por Gleison Silva, Gerente de Desenvolvimento e Testes de Aplicação na SPDATA.
A transformação digital na saúde deixou de ser uma promessa de futuro para se tornar uma necessidade imediata. Hoje, hospitais e instituições de saúde enfrentam o desafio de adaptar seus processos a um cenário onde a tecnologia não apenas apoia, mas direciona a forma de cuidar, gerir e inovar.
Nesse contexto, governança e estratégia são pilares centrais: é a partir deles que a digitalização gera valor real para pacientes, profissionais e gestores.
Liderança: o motor da transformação
Nenhuma transformação digital bem-sucedida acontece por acaso. Ela exige lideranças capazes de articular visão estratégica, engajar equipes e conectar investimentos a resultados concretos.
O ambiente hospitalar é, por natureza, complexo: diferentes profissionais convivem em um espaço de alta pressão e recursos muitas vezes limitados. Sem liderança estruturada, o risco é investir em soluções fragmentadas, com baixa adesão e pouco impacto.
Um exemplo claro é a adoção do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Seu verdadeiro valor só é alcançado quando há uso consistente por toda a equipe, integração com sistemas de diagnóstico e farmácia e apoio contínuo de treinamento. Sem liderança ativa, a ferramenta pode se tornar apenas mais uma plataforma subutilizada.
Visão de longo prazo: planejar para o futuro, agir no presente
A tecnologia na saúde evolui rapidamente — da inteligência artificial em diagnósticos à telemedicina e à interoperabilidade entre sistemas. Porém, sem um planejamento estratégico sólido, o risco é cair na fragmentação tecnológica e em altos custos de manutenção.
Gestores hospitalares precisam investir em uma arquitetura tecnológica sustentável, baseada em três princípios:
- Interoperabilidade: sistemas que se comunicam, garantindo fluidez de informações e evitando retrabalho.
- Escalabilidade: soluções capazes de crescer junto com a instituição, sem necessidade de substituições constantes.
- Sustentabilidade financeira: investimentos com retorno comprovado, seja pela eficiência operacional, seja pela melhoria da assistência.
Mais do que eficiência interna, a visão de longo prazo deve colocar o paciente no centro da jornada de cuidado.
Integração entre áreas: quebrando silos para gerar valor
A transformação digital só é efetiva quando clínico, administrativo e TI atuam de forma colaborativa.
- Área clínica: precisa enxergar a tecnologia como aliada no diagnóstico, tratamento e acompanhamento do paciente.
- Área administrativa: deve usar a digitalização para reduzir custos, aumentar a transparência e apoiar decisões.
- TI: precisa assumir papel estratégico, antecipando necessidades e propondo soluções inovadoras.
Um exemplo prático é o uso de Business Intelligence (BI) para monitorar indicadores hospitalares. Dados assistenciais alimentam decisões administrativas, com suporte tecnológico que garante segurança e acessibilidade.
O papel dos gestores: tecnologia a serviço de resultados em saúde
O maior desafio da governança é garantir que cada investimento tecnológico esteja conectado a objetivos claros, como:
- Reduzir erros médicos e aumentar a segurança do paciente;
- Elevar a produtividade das equipes;
- Reduzir custos operacionais;
- Melhorar a experiência e a satisfação do paciente.
Por exemplo, projetos de telemedicina devem acompanhar indicadores como redução de filas, satisfação do paciente e uso eficiente de recursos médicos. Já soluções de inteligência artificial em exames devem ser avaliadas pelo tempo de diagnóstico, acurácia dos resultados e impacto na jornada do paciente.
A tecnologia, portanto, não é um fim em si mesma, mas um meio para alcançar desfechos clínicos e operacionais superiores.
Desafios e oportunidades: uma jornada contínua
Hospitais ainda enfrentam restrições orçamentárias, resistência cultural e carência de capacitação, mas cada desafio representa uma oportunidade:
- Cultura: superada com programas de engajamento e treinamento.
- Orçamento: viabilizado por modelos de investimento escalonado e análise de ROI.
- Integração: alcançada por meio de governança clara e métricas de acompanhamento.
A transformação digital deve ser entendida como uma jornada contínua, não como um projeto isolado.
Conclusão: transformar para gerar valor em saúde
A transformação digital é urgente e estratégica. Para ter impacto real, precisa de liderança forte, visão de longo prazo e integração entre áreas.
O papel dos gestores é traduzir investimentos em resultados concretos para pacientes, equipes e instituições. Afinal, a verdadeira medida do sucesso da transformação digital não está na quantidade de softwares adquiridos, mas na capacidade de melhorar vidas através da tecnologia.
Mensagem final: A transformação digital em saúde não é apenas sobre tecnologia — é sobre liderança, estratégia e governança para gerar valor real e sustentável.
Sobre o Autor
Gleison Silva é Gerente de Desenvolvimento e Testes de Aplicação na SPDATA. Profissional de TI com sólida trajetória em análise, desenvolvimento, implantação e integração de sistemas, possui ampla experiência em infraestrutura de TI, virtualização, segurança de redes, gestão de projetos, serviços de TI e dados. Sua atuação é marcada pela capacidade de alinhar tecnologia e negócios, impulsionando a eficiência e a inovação nas soluções oferecidas.